Virginia Woolf nasceu em Londres, em 1882, em um ambiente profundamente conectado às artes e à literatura. Filha do intelectual Sir Leslie Stephen e de Julia Stephen — ex-modelo ligada ao grupo pré-rafaelita —, Woolf desde cedo teve contato com o mundo das ideias.
Anos mais tarde, firmou-se como um dos principais nomes do modernismo, reinventando a forma de narrar e refletir a realidade. Com uma escrita marcada pelo fluxo de consciência e pela inovação formal, suas obras desafiaram as convenções literárias de seu tempo.
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Para marcar os 100 anos de Mrs. Dalloway, uma das obras mais emblemáticas de Virginia Woolf, a Fórum selecionou cinco livros essenciais para entender a evolução e complexidade que marca a trajetória da autora que está muito além da própria literatura, mas atravessa, como verdadeira polímata, tudo que é familiarmente humano.
1. Mrs. Dalloway (1925)
Publicado há quase um século, Mrs. Dalloway acompanha, ao longo de um único dia, os pensamentos de Clarissa Dalloway, que prepara uma festa em Londres, e de Septimus Warren Smith, um veterano da Primeira Guerra. A alternância entre suas consciências revela os efeitos do trauma, a efemeridade da vida e as aparências da alta sociedade. É uma das obras-primas do fluxo de consciência, recurso com o qual Woolf traduz as associações livres e íntimas da mente humana.
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2. Orlando (1928)
Neste romance ousado e experimental, Virginia cria uma figura que atravessa os séculos — e também muda de sexo ao longo da trama. Inspirado na vida da escritora Vita Sackville-West, Orlando é um manifesto literário sobre identidade e liberdade, desafiando padrões de gênero. Em 2023, o livro inspirou um documentário do filósofo Paul B. Preciado, reafirmando sua atualidade.
3. Um Quarto Só para mim (1929)
Resultado de duas palestras realizadas por Woolf na Universidade de Cambridge, este ensaio essencial trata da relação entre mulheres e literatura. Combinando crítica, história e ficção, a autora defende que, para escrever, uma mulher precisa de independência financeira e um espaço próprio — metáforas que apontam para sua luta por emancipação e igualdade. Em 2023, o texto ganhou nova tradução em português, assinada por Sofia Nestroviski.
4. A Viagem (1915)
Em seu romance de estreia, Woolf apresenta Rachel Vinrace, jovem inglesa que embarca para a América do Sul. Ao longo da travessia, sua visão de mundo se transforma. Embora comece como uma narrativa convencional, a história incorpora tensões sutis e prenúncios da complexidade que marcaria as obras futuras da autora — incluindo os primeiros esboços de personagens como Clarissa e Richard Dalloway.
5.O Quarto de Jacob (1922)
Considerado um marco em sua carreira, O Quarto de Jacob rompe com o realismo tradicional e propõe uma narrativa fragmentada sobre a vida e morte de Jacob Flanders. Marcado por múltiplos pontos de vista, o romance é uma reflexão melancólica sobre a juventude perdida pela guerra e o vazio deixado pelas ausências.
