Os presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmaram presença nas comemorações do Dia da Vitória em Moscou, na Rússia, na próxima semana. O evento marca os 80 anos da rendição da Alemanha nazista, ocorrida em 9 de maio de 1945, e contará com um desfile militar na Praça Vermelha, com a presença do presidente russo Vladimir Putin e de diversos líderes internacionais.
A visita de Xi Jinping ocorrerá entre os dias 7 e 10 de maio, segundo informou neste domingo (5) o Kremlin. O líder chinês se reunirá com Putin para discutir o aprofundamento das parcerias estratégicas entre os dois países e uma série de documentos bilaterais. A viagem também ocorre em meio ao agravamento das tensões entre Pequim e Washington, após os Estados Unidos, sob comando do presidente Donald Trump, imporem tarifas de até 145% sobre produtos chineses. A China respondeu com tarifas de até 125% sobre mercadorias norte-americanas.
Já Lula embarca para Moscou na próxima quinta-feira (8), em sua primeira visita à Rússia desde o início de seu terceiro mandato. O convite partiu do próprio Putin, que tenta reafirmar laços diplomáticos com países considerados parceiros estratégicos. A presença brasileira é vista como uma oportunidade para reforçar o papel do Brasil como mediador global e defensor do multilateralismo em um cenário internacional cada vez mais polarizado.
Tensão
A participação de ambos os presidentes ocorre sob forte tensão internacional. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a declarar neste domingo (3), por meio da agência Interfax Ucrânia, que a Ucrânia não pode garantir a segurança de líderes estrangeiros em território russo durante os eventos do Dia da Vitória. A declaração, originalmente feita em dezembro de 2023, alertava que qualquer incidente seria responsabilidade do Kremlin. “Nossa posição é muito simples para todos os países que pretendem viajar à Rússia no dia 9 de maio: não podemos ser responsabilizados pelo que acontecer no território da Federação Russa”, disse Zelensky.
Putin, por sua vez, ordenou um cessar-fogo temporário na Ucrânia de 8 a 10 de maio, mas a medida foi prontamente rejeitada por Zelensky, que a classificou como encenação. O líder russo também reforçou recentemente que o Dia da Vitória é o “feriado mais importante e genuinamente popular” da Rússia, destacando sua importância histórica e simbólica.
A presença simultânea de Xi e Lula ao lado de Putin sinaliza um reforço nas articulações entre potências do Sul Global, especialmente no contexto dos BRICS. Segundo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, a parceria com Moscou será aprofundada em fóruns multilaterais como ONU, Organização de Cooperação de Xangai e BRICS, com o objetivo de “promover uma governança global igualitária e combater o unilateralismo e atos de intimidação”.
*Com informações da AFP
