Autora do livro O Golpe Tech: Como salvar a democracia dos ataques do Vale do Silício, ainda sem tradução para o português, a ex-integrante do Parlamento Europeu, Marietje Schaake, diz que o Brasil se tornou um exemplo para o mundo depois que o ministro Alexandre de Moraes enfrentou e venceu a queda de braço com o X, de Elon Musk, em 2024.
Em entrevista à Bloomberg Línea, ela disse que "o mundo inteiro estava observando" o embate, que em sua opinião demonstrou que "as instituições democráticas, quando determinadas, ainda podem exercer poder, mesmo sobre um bilionário da tecnologia".
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Foi o lobby das Big Tech que impediu até agora qualquer tipo de regulamentação sobre as redes no Brasil, apesar de iniciativas no Congresso.
A deputada federal Maria do Rosário reforçou um pedido de I para estudar o tema depois da ação da Polícia Civil do Rio, em colaboração com o governo federal, que desmantelou uma rede de jovens que planejava atentados contra o show de Lady Gaga em Copacabana.
Ela publicou:
Barrar os crimes digitais e garantir a segurança das nossas crianças e adolescentes nas redes, é o objetivo da I da Infância e Adolescência Segura. É preciso fazer leis de apoio à população e de direito à vida!
Xandão e STF alvos de campanha
O ministro Alexandre de Moraes e o STF brasileiro são alvos de uma campanha internacional da extrema-direita e das Big Techs por causa da posição assumida por alguns ministros no debate sobre as empresas.
Em texto recente, a revista britânica Economist perguntou se Xandão, que chamou de "Big Alex", seria democrata ou ditador e alfinetou: "O juiz que governaria a internet".
Moraes, em entrevista à revista estadunidense New Yorker, havia afirmado:
A extrema direita quer tomar o poder — não dizendo que se opõe à democracia, porque isso não obteria apoio público, mas alegando que as instituições democráticas são manipuladas. É um populismo altamente estruturado e altamente inteligente. Infelizmente, no Brasil e nos EUA, ainda não aprendemos a reagir.
Já a ministra Carmen Lúcia, na mesma publicação, denunciou a ditadura dos algoritmos:
Em vez de máquinas serem submetidas aos humanos, os humanos estão se tornando submetidos às máquinas, e isso traz novas formas de tirania. Corremos o risco de sermos acorrentados por algoritmos — por sistemas que sabem muito bem a quem servem.
Enfraquecido no governo Trump, Elon Musk deve sair da cena política em breve, mas continuará atuando nos bastidores. As Big Techs seguem exercendo todo tipo de pressão para evitar regulamentação, especialmente na União Europeia.
Para a autora holandesa, que é pesquisadora do Centro de Política Cibernética da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, "o caso brasileiro ofereceu uma forte contranarrativa [aos que falavam em cerceamento de liberdades], sublinhando que a defesa de princípios, soberania e democracia requer intervenção ativa e que os governos democráticos possuem a capacidade de agir".
