• CLAUDIA SHEINBAUM

    Há 1 ano, ocorria a maior vitória eleitoral de uma mulher na América Latina

    Nunca uma mulher tinha ganhado de maneira tão expressiva uma corrida presidencial no continente americano; relembre marco histórico e simbólico

    Claudia Sheinbaum, eleita presidenta do México no dia 2 de junho de 2024.Créditos: Governo do México
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    Há exatamente um ano, Claudia Sheinbaum foi eleita presidente do México, marcando uma conquista histórica e simbólica para todo o continente americano. Com cerca de 62% dos votos, Sheinbaum protagonizou uma vitória histórica na maior eleição já realizada no México, desafiando as estruturas de um país profundamente patriarcal e se tornando a primeira mulher, e pessoa de herança judaica, a ser eleita presidente do México.

    “Nossa obrigação é e sempre será cuidar de cada mexicano sem distinção”, afirmou a presidenta eleita, em discurso na época. “Embora muitos mexicanos não concordem totalmente com nosso projeto, teremos que caminhar em paz e harmonia para continuar construindo um México justo e mais próspero.”

    "Sabemos que nós, mulheres, podemos ser presidentas [...] chamemos presidenta, com 'A' no final, como advogada, cientista, soldada, doutora, professora e engenheira. Como nos ensinaram, só o que se nomeia existe", afirmou a presidenta do México no disrcurso de posse, em outubro.

    Desde então, a presidenta vem construindo um mandato comprometido com os direitos sociais, a soberania e o crescimento econômico. De esquerda, Sheimbaum é filiada ao Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), partido do atual presidente Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, que goza de grande popularidade. Sheinbaum é cientista política e engenheira ambiental. Sua trajetória política começou em 2000, ao assumir a Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal, nomeada por seu padrinho político, então governante da Cidade do México.

    Em 2018, foi eleita prefeita da capital, destacando-se pela implementação de políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável, como a expansão da coleta de água da chuva, a reforma do gerenciamento de resíduos e o lançamento de um programa de reflorestamento. Em 2023, renunciou ao cargo para concorrer à presidência em 2024, consolidando-se como a candidata do partido Morena. Sua carreira é caracterizada por posições progressistas e ambientalistas, além de uma postura crítica ao modelo econômico neoliberal. 

    Resposta à Trump

    Em janeiro deste ano, a presidenta do México foi importante voz de resistência contra o governo Trump, ao reagir com firmeza às declarações e medidas anunciadas pelo novo presidente dos Estados Unidos já em seu primeiro dia de retorno à Casa Branca. Durante sua coletiva, Sheinbaum garantiu que a soberania mexicana seria preservada diante das polêmicas propostas do governo americano, que incluem novas políticas migratórias, comerciais e de segurança.

    "Que o povo do México tenha a certeza de que sempre vamos defender nossa soberania e nossa independência. Isso é um princípio máximo que a presidenta tem que cumprir", declarou a mandatária. Trump tinha anunciado um decreto onde declara emergência na fronteira sul dos Estados Unidos, retomando uma política implementada em 2019. Entre as medidas estava a proibição de que imigrantes permanecessem em solo americano enquanto aguardam a tramitação de seus pedidos de asilo.

    LEIA AQUI: A resposta de Claudia Sheinbaum às provocações de Donald Trump no primeiro dia de governo

    América Latina é recado para o mundo

    A vitória aconteceu dez anos após a eleição de Dilma Rousseff no Brasil. O México é o único país da América Latina localizado na América do Norte. Ao todo, já foram eleitas 13 presidentas na América Latina. Com a vitória da candidata governista nas eleições do dia 2 de junho no México esse número aumentou para 14

    Com isso, América Latina se tornou o continente com mais mulheres eleitas para a presidência no mundo. Outros países onde mulheres foram eleitas para a presidência incluem Islândia, Moldávia, Namíbia e Macedônia do Norte, mas não alcançam a proporção do continente latino-americano.

    Veja o ranking das primeiras presidentas da América Latina:

    As primeiras presidentas

    María Estela Martínez de Perón (Argentina)

    • Primeira mulher presidente da América Latina.
    • Assumiu em 1974, após a morte do marido e então presidente, Juan Domingo Perón.
    • Seu governo foi encerrado por um golpe militar em 1976.

    Violeta Barrios de Chamorro (Nicarágua)

    • Primeira mulher eleita diretamente presidente na América Latina.
    • Venceu em 1990 pela coalizão opositora UNO contra os sandinistas (FSLN).

    Argentina

    Cristina Fernández de Kirchner

    • Primeira mulher eleita diretamente na Argentina, em 2007.
    • Reeleita em 2011, governou até 2015.
    • Sucedeu o marido, Néstor Kirchner.

    Panamá

    Mireya Moscoso

    • Eleita em 1999, derrotando Martín Torrijos.
    • Primeira mulher presidente do Panamá.

    Chile

    Michelle Bachelet

    • Eleita duas vezes: 2006–2010 e 2014–2018.
    • Alternou mandatos com Sebastián Piñera.

    Costa Rica

    Laura Chinchilla

    • Primeira mulher presidente do país.
    • Mandato entre 2010 e 2014.

    Brasil

    • Dilma Rousseff
    • Primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2010.
    • Reeleita em 2014, foi destituída do cargo por um golpe de impeachment em 2016.

    Honduras

    Xiomara Castro

    • Eleita em 2021, assumiu em janeiro de 2022.
    • Primeira mulher a governar Honduras.

    Peru

    Dina Boluarte

    • Chegou à presidência em 2022, após a queda de Pedro Castillo.
    • Primeira mulher presidente do Peru.

    México

    Claudia Sheinbaum

    • Eleita em 2024, é a primeira mulher presidente da história do país.
    • Representa o partido governista e sucederá Andrés Manuel López Obrador.
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