Há exatamente um ano, Claudia Sheinbaum foi eleita presidente do México, marcando uma conquista histórica e simbólica para todo o continente americano. Com cerca de 62% dos votos, Sheinbaum protagonizou uma vitória histórica na maior eleição já realizada no México, desafiando as estruturas de um país profundamente patriarcal e se tornando a primeira mulher, e pessoa de herança judaica, a ser eleita presidente do México.
“Nossa obrigação é e sempre será cuidar de cada mexicano sem distinção”, afirmou a presidenta eleita, em discurso na época. “Embora muitos mexicanos não concordem totalmente com nosso projeto, teremos que caminhar em paz e harmonia para continuar construindo um México justo e mais próspero.”
"Sabemos que nós, mulheres, podemos ser presidentas [...] chamemos presidenta, com 'A' no final, como advogada, cientista, soldada, doutora, professora e engenheira. Como nos ensinaram, só o que se nomeia existe", afirmou a presidenta do México no disrcurso de posse, em outubro.
Desde então, a presidenta vem construindo um mandato comprometido com os direitos sociais, a soberania e o crescimento econômico. De esquerda, Sheimbaum é filiada ao Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), partido do atual presidente Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, que goza de grande popularidade. Sheinbaum é cientista política e engenheira ambiental. Sua trajetória política começou em 2000, ao assumir a Secretaria do Meio Ambiente do Distrito Federal, nomeada por seu padrinho político, então governante da Cidade do México.
Em 2018, foi eleita prefeita da capital, destacando-se pela implementação de políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável, como a expansão da coleta de água da chuva, a reforma do gerenciamento de resíduos e o lançamento de um programa de reflorestamento. Em 2023, renunciou ao cargo para concorrer à presidência em 2024, consolidando-se como a candidata do partido Morena. Sua carreira é caracterizada por posições progressistas e ambientalistas, além de uma postura crítica ao modelo econômico neoliberal.
Resposta à Trump
Em janeiro deste ano, a presidenta do México foi importante voz de resistência contra o governo Trump, ao reagir com firmeza às declarações e medidas anunciadas pelo novo presidente dos Estados Unidos já em seu primeiro dia de retorno à Casa Branca. Durante sua coletiva, Sheinbaum garantiu que a soberania mexicana seria preservada diante das polêmicas propostas do governo americano, que incluem novas políticas migratórias, comerciais e de segurança.
"Que o povo do México tenha a certeza de que sempre vamos defender nossa soberania e nossa independência. Isso é um princípio máximo que a presidenta tem que cumprir", declarou a mandatária. Trump tinha anunciado um decreto onde declara emergência na fronteira sul dos Estados Unidos, retomando uma política implementada em 2019. Entre as medidas estava a proibição de que imigrantes permanecessem em solo americano enquanto aguardam a tramitação de seus pedidos de asilo.
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América Latina é recado para o mundo
A vitória aconteceu dez anos após a eleição de Dilma Rousseff no Brasil. O México é o único país da América Latina localizado na América do Norte. Ao todo, já foram eleitas 13 presidentas na América Latina. Com a vitória da candidata governista nas eleições do dia 2 de junho no México esse número aumentou para 14.
Com isso, América Latina se tornou o continente com mais mulheres eleitas para a presidência no mundo. Outros países onde mulheres foram eleitas para a presidência incluem Islândia, Moldávia, Namíbia e Macedônia do Norte, mas não alcançam a proporção do continente latino-americano.
Veja o ranking das primeiras presidentas da América Latina:
As primeiras presidentas
María Estela Martínez de Perón (Argentina)
- Primeira mulher presidente da América Latina.
- Assumiu em 1974, após a morte do marido e então presidente, Juan Domingo Perón.
- Seu governo foi encerrado por um golpe militar em 1976.
Violeta Barrios de Chamorro (Nicarágua)
- Primeira mulher eleita diretamente presidente na América Latina.
- Venceu em 1990 pela coalizão opositora UNO contra os sandinistas (FSLN).
Argentina
Cristina Fernández de Kirchner
- Primeira mulher eleita diretamente na Argentina, em 2007.
- Reeleita em 2011, governou até 2015.
- Sucedeu o marido, Néstor Kirchner.
Panamá
Mireya Moscoso
- Eleita em 1999, derrotando Martín Torrijos.
- Primeira mulher presidente do Panamá.
Chile
Michelle Bachelet
- Eleita duas vezes: 2006–2010 e 2014–2018.
- Alternou mandatos com Sebastián Piñera.
Costa Rica
Laura Chinchilla
- Primeira mulher presidente do país.
- Mandato entre 2010 e 2014.
Brasil
- Dilma Rousseff
- Primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2010.
- Reeleita em 2014, foi destituída do cargo por um golpe de impeachment em 2016.
Honduras
Xiomara Castro
- Eleita em 2021, assumiu em janeiro de 2022.
- Primeira mulher a governar Honduras.
Peru
Dina Boluarte
- Chegou à presidência em 2022, após a queda de Pedro Castillo.
- Primeira mulher presidente do Peru.
México
Claudia Sheinbaum
- Eleita em 2024, é a primeira mulher presidente da história do país.
- Representa o partido governista e sucederá Andrés Manuel López Obrador.