Durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a convite do presidente Xi Jinping nesta semana, foram celebrados 20 acordos bilaterais e 17 memorandos de entendimento entre Brasil e China, incluindo a oficialização do Ano Cultural Brasil-China 2026.
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Como prévia das atividades culturais planejadas, o filme brasileiro Ainda Estou Aqui — vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025 — começou a ser exibido em mais de 10 mil salas de cinema da China.
A pré-estreia do filme em Pequim, no dia 12 de maio, contou com a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
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Pelas redes sociais, Janja destacou a importância do filme para a memória histórica do Brasil, ressaltando a luta contra a ditadura militar e o papel inspirador de Dilma, sobrevivente daquele período sombrio. Dilma agradeceu a homenagem e a amizade da primeira-dama.
Impacto e relevância do filme Ainda Estou Aqui
Segundo dados da Ancine, Ainda Estou Aqui já reuniu mais de 5 milhões de espectadores e arrecadou R$ 104,7 milhões, tornando-se a terceira maior bilheteria nacional desde 2018. Em 2025, o filme representou 32% do público de filmes nacionais, elevando a participação do cinema brasileiro para 30,1%.
Dirigido por Walter Salles, o longa revisita a história do ex-deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado pela ditadura, e a luta de sua esposa Eunice Paiva para esclarecer o crime de Estado. O elenco inclui Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello.
A China permite a exibição anual de apenas 34 filmes estrangeiros, resultado de um memorando de 2012 com os EUA que ampliou a cota de 20 para 34 títulos, dos quais 14 devem ser em formatos especiais como 3D ou IMAX.
Com cerca de 90 mil salas, a China é o maior mercado cinematográfico do mundo em número de telas. A distribuição do filme no país foi viabilizada pela ApexBrasil e pela Embaixada do Brasil em Pequim, fortalecendo as relações culturais e comerciais entre os países.
Objetivos e atividades do Ano Cultural Brasil-China 2026
O Ano Cultural Brasil-China 2026, anunciado durante a visita de Lula, celebra os 50 anos de relações diplomáticas entre os países e visa intensificar o intercâmbio cultural, promovendo amizade, diversidade, exposições, festivais, apresentações artísticas e programas educacionais. A iniciativa também busca aprofundar a cooperação em educação, turismo e economia criativa.
“Vamos realizar o Ano Cultural Brasil-China em 2026, para promover e aproximar nossas sociedades, ambas reconhecidas por sua rica diversidade e criatividade”, declarou Lula.
A versão chinesa da declaração oficial dos dois presidentes destaca a realização do Ano Cultural Brasil-China em 2026:
“As duas partes devem promover intercâmbios entre os povos e culturais, injetando vitalidade na comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado. Aproveitando a oportunidade do Ano Cultural Brasil-China a ser realizado no próximo ano, as duas partes devem intensificar a cooperação nos setores de cultura, educação, turismo, mídia e em níveis subnacionais, além de proporcionar mais facilidades para os intercâmbios entre os povos dos dois países”, diz o texto.
No Brasil, São Paulo será um dos principais polos das celebrações, com o Instituto Brasil-China (Ibrachina), a Secretaria de Cultura e SP Turis organizando uma programação robusta com exposições de arte, música, gastronomia e atividades educativas.
Na China, estão previstas exposições de arte brasileira, programas educacionais bilaterais, cursos de línguas, workshops e intercâmbios estudantis. A coordenação envolve ministérios, instituições culturais, organizações multilaterais e o setor privado.
Mecanismos e áreas do intercâmbio cultural Brasil-China
O intercâmbio cultural entre Brasil e China é robusto e multifacetado, apoiado por mecanismos institucionais como a COSBAN (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), que recentemente discutiu o Ano Cultural 2026, propondo mostras permanentes de cinema, turnês da Orquestra Sinfônica Chinesa no Brasil e feiras de livros conjuntas.
O Plano Decenal de Cooperação (2012–2021) estabeleceu diretrizes para intercâmbio cultural e educacional, criação de centros culturais, intercâmbio de artistas e cooperação em cinema, rádio e literatura.
No âmbito acadêmico, o Ministério da Educação (MEC), por meio da Capes, promove intercâmbio e o ensino de mandarim em universidades brasileiras. Instituições como a Universidade de São Paulo (USP) e a Zhejiang University firmam convênios para troca de alunos, professores e projetos em inovação e sustentabilidade.
No audiovisual, em 2024, foram assinados memorandos para fortalecer coproduções e intercâmbio de profissionais. O Brasil foi país convidado de honra no Festival de Cinema Chinês, promovendo o diálogo cinematográfico entre as nações.
No campo social, a Câmara de Intercâmbio Cultural Brasil-China atua com doações a comunidades brasileiras afetadas por desastres naturais, fortalecendo laços de amizade e solidariedade. Estados como o Ceará promovem intercâmbio cultural, coproduções audiovisuais e participação em festivais internacionais, ampliando a presença cultural brasileira.
Essas iniciativas reafirmam o compromisso contínuo em promover o entendimento mútuo e fortalecer os laços culturais. Para mais informações, recomenda-se acompanhar os canais oficiais dos Ministérios da Cultura e Educação do Brasil, além das embaixadas e consulados.
