No dia 22 de maio, o mundo celebra o 25º Dia Internacional da Diversidade Biológica, cujo tema deste ano é “Harmonia com a Natureza e Desenvolvimento Sustentável”. Em um contexto de crescente incerteza na governança global do clima e do meio ambiente, a importância do papel de países como a China na promoção da cooperação internacional para a conservação da biodiversidade é cada vez mais reconhecida.
Durante coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, realizada nesta quinta-feira (22), a porta-voz Mao Ning destacou que, sob a orientação do Pensamento de Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica, o país tem avançado ativamente na proteção da biodiversidade, promovendo maior diversidade, estabilidade e sustentabilidade dos ecossistemas.
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Mao ressaltou que a China, uma das primeiras signatárias e ratificadoras da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), mantém compromisso firme com suas obrigações internacionais, buscando a coexistência harmoniosa entre humanidade e natureza e elevando a governança global da biodiversidade a um novo patamar.
Na presidência da 15ª Conferência das Partes da CDB (COP15), realizada entre 2021 e 2022, a China liderou a adoção do Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, marco histórico para a conservação ambiental mundial. Na ocasião, o país lançou a Iniciativa de Ação para o Quadro e instituiu o Fundo de Biodiversidade de Kunming, ações que visam apoiar especialmente os países em desenvolvimento na preservação ambiental.
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“A Terra é a casa comum da humanidade, e a governança da biodiversidade só será possível com a cooperação internacional. A China seguirá trabalhando junto a todas as partes para construir um mundo limpo e belo”, afirmou Mao Ning.
Harmonia com a Natureza e Desenvolvimento Sustentável
O tema “Harmonia com a Natureza e Desenvolvimento Sustentável”, escolhido para o 25º Dia Internacional da Diversidade Biológica, destaca a urgente necessidade de repensar a relação entre a humanidade e o meio ambiente. A reflexão aponta para um modelo de desenvolvimento que integre equilíbrio econômico, justiça social e preservação ambiental.
Nos últimos anos, a crise climática, a perda acelerada da biodiversidade, a poluição e a degradação dos ecossistemas globais têm colocado em risco o equilíbrio natural que sustenta a vida no planeta. Esses problemas afetam diretamente a segurança alimentar, a saúde humana e a estabilidade social e econômica, evidenciando que o modelo tradicional de crescimento baseado na exploração desenfreada dos recursos naturais é insustentável.
Nesse contexto, o conceito de “harmonia com a natureza” propõe um entendimento integrado e respeitoso da convivência entre seres humanos e meio ambiente. Reconhece que o bem-estar humano depende da saúde dos ecossistemas e reforça a importância da conservação da biodiversidade, da proteção dos habitats naturais e do uso responsável dos recursos naturais.
O desenvolvimento sustentável surge como o caminho para atender às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. Essa abordagem envolve práticas econômicas, sociais e ambientais que promovem a conservação dos recursos, a justiça social, a erradicação da pobreza e a melhoria da qualidade de vida.
O tema reforça a urgência de políticas públicas eficazes, inovação tecnológica, cooperação internacional e mudanças culturais que coloquem a preservação ambiental no centro das decisões globais. Essa agenda está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial os relacionados à vida terrestre (ODS 15), vida na água (ODS 14), ação climática (ODS 13) e cidades sustentáveis (ODS 11).
No cenário internacional, a importância da “harmonia com a natureza” também evidencia o papel estratégico de países como a China, que têm adotado planos ambiciosos para proteção ambiental e conservação da biodiversidade, incorporando essas ações em seus processos de desenvolvimento econômico e social.
O tema deste ano é um chamado global para repensar o modelo de progresso e construir um futuro onde desenvolvimento humano e preservação ambiental caminhem juntos, garantindo um legado sustentável e próspero para as próximas gerações.
O Pensamento de Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica
Incorporado à Constituição do Partido Comunista da China (PCCh) em 2017, o Pensamento de Xi Jinping sobre a Civilização Ecológica representa a visão estratégica para o desenvolvimento sustentável do país. O conceito enfatiza a integração da proteção ambiental ao crescimento econômico e social, buscando um equilíbrio entre a humanidade e a natureza.
Entre seus principais pilares estão:
- Respeito e proteção da natureza, reconhecendo a interdependência entre homem e meio ambiente;
- Promoção do desenvolvimento sustentável, preservando recursos para as futuras gerações;
- Fortalecimento da governança ambiental por meio do direito e da legislação;
- Incentivo à inovação tecnológica para promover tecnologias limpas e verdes;
- Mobilização da sociedade para a proteção ambiental, envolvendo governos, empresas e cidadãos.
A China tem implementado políticas rigorosas alinhadas a esse pensamento, incluindo metas para redução de emissões de carbono, expansão das energias renováveis, combate à poluição e reflorestamento.
Medidas da China na proteção da biodiversidade
Além de acordos internacionais, a China apresenta resultados práticos e concretos na conservação da biodiversidade.
Expansão de áreas protegidas e reservas naturais
O país ampliou significativamente suas áreas protegidas para preservar habitats naturais e espécies ameaçadas. Em 2020, anunciou a criação de mais de 240 parques nacionais que cobrem cerca de 25% do território chinês, buscando uma gestão integrada e sustentável desses ecossistemas. É o caso do Parque Nacional de Sanjiangyuan, na província de Qinghai, protege as nascentes dos rios Yangtze, Huang He (Amarelo) e Lancang (Mekong), essenciais para a biodiversidade e o abastecimento de água de milhões de pessoas.
Reintrodução e proteção de espécies ameaçadas
Projetos de recuperação beneficiam espécies emblemáticas como o panda gigante, o tigre de Amur e o golfinho do rio Yangtze. O Programa Nacional de Conservação do Panda Gigante elevou a população da espécie de cerca de mil indivíduos na década de 1990 para mais de 1.800 atualmente, graças a reservas naturais e reprodução em cativeiro.
Restauração de ecossistemas e reflorestamento
Iniciativas como o Projeto de Reflorestamento do Norte da China (“Grain for Green”) transformaram milhões de hectares de terras degradadas em áreas florestadas, contribuindo para a recuperação da biodiversidade e o combate à desertificação.
Fundo de Biodiversidade de Kunming
Lançado na COP15 em 2021, o Fundo de Biodiversidade de Kunming recebeu aporte inicial de 1,5 bilhão de yuans (aproximadamente US$ 210 milhões). Destina-se a financiar projetos de conservação em países em desenvolvimento, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição justa dos benefícios decorrentes da biodiversidade.
Controle do tráfico de espécies silvestres
A China reforçou legislação e cooperação internacional para combater o tráfico ilegal de fauna e flora, uma das maiores ameaças à biodiversidade. Em 2020, proibiu o comércio e consumo de vida selvagem para conter zoonoses e proteger espécies ameaçadas, como pangolins e tigres.
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)
Adotada em 1992 na ECO-92, no Rio de Janeiro, e em vigor desde 1993, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) conta com 196 países signatários, incluindo o Brasil. A convenção tem três objetivos principais:
- Conservação da diversidade biológica;
- Uso sustentável dos recursos naturais;
- Repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da biodiversidade.
O tratado é operacionalizado por meio das Conferências das Partes (COP), que definem metas e avaliam progressos. Protocolos complementares, como os de Cartagena (biossegurança) e Nagoya (o a recursos genéticos), ampliam seu escopo.
Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal
Adotado em dezembro de 2022 durante a COP15, o Quadro Kunming-Montreal define metas globais para proteção da biodiversidade até 2030, diante do declínio acelerado da vida no planeta.
Entre os objetivos estão:
- Proteger pelo menos 30% das terras, águas interiores e oceanos até 2030;
- Reduzir significativamente a poluição, incluindo plásticos e contaminantes químicos;
- Prevenir extinções e recuperar populações de espécies ameaçadas;
- Promover o uso sustentável dos recursos naturais;
- Fortalecer o conhecimento científico e incentivar a participação de povos indígenas;
- Mobilizar financiamento adequado, especialmente para países em desenvolvimento.
Como presidente da COP15, a China teve papel central na negociação e implementação do Quadro, reforçando seu compromisso com a governança global da biodiversidade.
Importância da biodiversidade para a crise climática
A biodiversidade é essencial para enfrentar as mudanças climáticas, pois:
- Ecossistemas biodiversos, como florestas e manguezais, funcionam como sumidouros de carbono;
- A diversidade biológica aumenta a resiliência dos ecossistemas frente a mudanças e eventos extremos;
- Ambientes naturais protegem comunidades de desastres naturais;
- Oferece alimentos, medicamentos e matérias-primas essenciais;
- Mantém processos naturais vitais, como a ciclagem de nutrientes e a purificação da água.
A conservação da biodiversidade é, portanto, uma estratégia crucial para mitigar os impactos da crise climática e garantir um desenvolvimento sustentável e resiliente.