O Brasil já teve vulcões. Os mais antigos deles atingiram seu pico na Era Mesozoica, entre 251 e 66 milhões de anos atrás, antes e durante a separação do supercontinente de Pangeia, nas regiões em que hoje estão São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Hoje, o Brasil não tem vulcões ativos: por estar localizado no interior da Placa Sul-Americana, ou seja, longe das bordas de placas tectônicas (cujas atividades de subducção formam vulcões de erupção ou fissura), o território brasileiro está livre de atividades sísmicas e vulcânicas.
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Há quem diga, no entanto, que o último "vulcão" em atividade no Brasil existiu há apenas 129 anos, bem depois da separação continental que o alocou longe dos perigos tectônicos.
Foi em dezembro de 1896, no começo da tarde, que funcionários da Comissão de Saneamento da cidade de Santos, no litoral paulista, trabalhavam na implantação de um sistema de esgoto no bairro de Vila Macuco, entre a área portuária e a zona da orla da cidade.
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Para realizar a tubulação do esgoto, os funcionários tiveram de inserir um tubo de 17 metros de comprimento no solo. Foi então que algo estranho aconteceu: depois de alocado, o grande tubo no solo foi atingido por uma corrente de ar fria, que se pronunciou pela tubulação e continuou assim por várias horas, até anoitecer.
Na manhã do dia 29, a corrente se tornou mais forte. Às 6h, um zumbido alto alternado por sons de apito começou a se ouvir da instalação e, dali a uma hora e meia depois, o ar frio deu lugar à "erupção" de uma água de coloração escura, que jorrava do tubo com intensidade.
A mistura era inflamável. Logo, uma chama gigante e amarelada começou a queimar no espaço aberto da tubulação, enquanto pedaços de lodo petrificado eram lançados do "gêiser" de esgoto.
Crédito: Arte publicada no Diário Oficial de Santos
Num movimento muito similar ao dos vulcões, labaredas de fogo continuaram a ser expelidas por horas, e os técnicos da Comissão de Saneamento se dedicaram a estudar amostras do líquido que parecia causar a inflamação.
As notícias se espalharam e a erupção de um vulcão em Santos se tornou um fenômeno turístico. Linhas de bonde foram disponibilizadas pela Viação Paulista para levar curiosos até o espetáculo.
Entre acidente natural e sinal do fim do mundo, a "erupção" de Santos se tornou motivo de especulação geral, e permaneceu ativa por mais de um mês.
O que gerou a atividade aparentemente vulcânica foram as toneladas de gás natural a deixar o bolsão perfurado acidentalmente pelo tubo da Companhia de Saneamento, inflamado pelo líquido do subsolo, composto de material orgânico.
Estima-se que mais de 8 mil pessoas tenham ido assistir ao espetáculo "vulcânico" do Brasil, que só se apagou em janeiro do ano seguinte, exaurindo-se de forma natural.