• Quem são os maiores responsáveis pelo aquecimento global nos últimos 30 anos?

    Grupo concentra uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para o aumento de eventos extremos

    Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
    Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

    Uma nova pesquisa aponta que os 10% mais ricos da população mundial foram responsáveis por cerca de dois terços do aquecimento global desde 1990.

    De acordo com o estudo publicado na Nature Climate Change, esse grupo concentra uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para o aumento de eventos extremos, como secas e ondas de calor, que afetam principalmente os países mais pobres.

    Os pesquisadores utilizaram modelos climáticos para cruzar dados de emissões com informações sobre desigualdade de renda. Com isso, conseguiram medir de forma inédita o quanto as decisões de consumo e investimento dos mais ricos impactam o clima global.

    Segundo Sarah Schöngart, principal autora do estudo, os resultados deixam claro que “os impactos extremos não são apenas resultado de emissões globais genéricas, mas estão ligados ao nosso estilo de vida e ao acúmulo de riqueza”.

    A análise mostra que, só em 2020, a temperatura média global foi 0,61?°C mais alta do que em 1990 — e cerca de 65% dessa elevação pode ser atribuída às emissões do grupo mais rico. Para efeitos de comparação, entram nessa faixa todos os que ganham mais de €42.980 por ano, o que inclui a maioria dos trabalhadores formais do Reino Unido.

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    Quando se olha para o topo da pirâmide, o desequilíbrio é ainda maior: o 1% mais rico — com renda anual acima de €147.200 — foi responsável por 20% do aquecimento global. Já os 0,1% mais ricos, cerca de 800 mil pessoas no mundo, responderam por 8% do aumento da temperatura no período analisado.

    O estudo também simulou como seria o planeta caso todos tivessem padrões de emissão semelhantes aos diferentes grupos. Se todos vivessem como os 50% mais pobres da população mundial, o aquecimento desde 1990 teria sido quase insignificante. Por outro lado, se todos emitissem como os 10%, 1% ou 0,1% mais ricos, o aumento da temperatura teria sido de 2,9?°C, 6,7?°C ou até 12,2?°C — níveis considerados insustentáveis.

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    Para os autores, os dados reforçam a urgência de políticas que cobrem mais dos mais ricos, como taxação da riqueza e maior financiamento climático. “Não se trata de um debate abstrato. Estamos falando de impactos reais acontecendo agora. E sem enfrentar a responsabilidade dos mais ricos, a ação climática perde uma de suas principais ferramentas para evitar danos ainda maiores”, alertou o coautor Carl-Friedrich Schleussner.

    *Com informações de The Guardian. 

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