Um usuário de drogas afirmou ao padre Júlio Lancellotti, em vídeo gravado nesta quarta-feira (14), ter sofrido espancamentos e até mesmo ameaça de morte da polícia para deixar a cracolândia.
“Dizer que todos estão em clínicas ou que fora para um lado ou para o outro não é verdade. O bonito é a autoridade assumir e dizer a verdade”, disse Padre Júlio.
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“Sai de lá por causa da opressão da polícia, que vive batendo na gente, manda a gente de um canto pra outro e agora eles estão pegando e ameaçando a gente de morte”, disse o usuário que não quis se identificar.
Perguntado pelo padre se foi oferecido clínica ou trabalho, ele responde que “até agora não”.
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Padre Júlio, então, encerrou:
“Não adiante fazer propaganda política dizendo que a cracolândia desapareceu. A Cracolândia não é um espaço físico, são as pessoas. Por isso que esse nome não é adequado. E nem a agressividade e a violência. Os irmãos de acolhimento e não de violência”, ressaltou.
Veja o vídeo abaixo:
Usuários se espalharam
A cracolândia, historicamente concentrada em algumas vias do centro paulistano, aparenta ter desaparecido de seu ponto tradicional na Rua dos Protestantes. No entanto, segundo apuração do portal Metrópoles, entre vários vídeos publicados nas redes apontam que o chamado "fluxo" — como é conhecida a aglomeração de usuários de drogas — não cessou, mas se dispersou por diferentes áreas da cidade, como já ocorreu outras vezes ao longo dos mais de 30 anos de existência do fenômeno.
O próprio Secretário Municipal de Segurança Urbana de São Paulo, Orlando Morando, revelou em entrevista à Jovem Pan News que o esvaziamento do local "foi concomitante com a intervenção na Favela do Moinho", pois o local abrigava traficantes.
O fato, no entanto, é que a ação de Tarcísio de Freitas e o seu governo apenas espalharam a Cracolândia pela cidade, fenômeno que já ocorreu outras vezes durante os 30 anos de existência do local.