• ELEIÇÕES 2026

    Quaquá: "Nós podemos derrotar Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro"

    Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, prefeito de Maricá falou sobre articulação política para as eleições do parlamento em 2026

    Washington Quaquá na Câmara.Créditos: Billy Boss/Câmara dos Deputados
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    O Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (23) recebeu o prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá (PT), que analisou as perspectivas para as próximas eleições, que vão escolher presidente, governadores, senadores e deputados, sobre o embate entre o bolsonarismo e o campo progressista, e também do seu apoio a Edinho Silva, candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores. 

    Quaquá comentou sobre as articulações políticas para as eleições ao parlamento que, para muitos políticos de esquerda, devem ganhar mais atenção do campo democrático, uma vez que a extrema direita é uma ameaça cada vez maior, principalmente no Senado. O prefeito destacou que o Senado é um "xadrez político" onde a articulação política tem que ser "muito sensível". Quaquá citou a época em que foi deputado federal para ressaltar que as relações no parlamento são a "expressão do que é o Brasil". "Tem vagabundo, tem gente séria, tem doutor, tem de tudo. A Câmara é a expressão do Brasil". 

    Ele acrescentou que, nesse sentido, para ganhar maioria na Câmara, a articulação não deve ser feita somente através dos partidos e lideranças, mas de discussão de deputado a deputado, ando pelos interesses particulares do eleitorado de cada parlamentar. 

    "E assim é o Brasil", afirmou, e defendeu que não se deve "reinventar o país", mas trabalhar com "império da realidade". "Nós temos que trabalhar com aquela realidade. No caso do Senado, é estratégia política. O governo precisa em cada estado montar palanques", disse Quaquá. 

    O prefeito destacou que quem pode eleger dois senadores, sendo um de centro e um de esquerda, é o campo progressista, e que Lula tem um papel fundamental nessa articulação. "É preciso montar a estratégia. Ter uma candidatura de esquerda em cada estado, e uma de centro que faça aliança em cada estado que possa ter 40% a 50% do eleitorado eleger o senador", avaliou Quaquá. 

    Ele mencionou, por exemplo, o ex-deputado Alexandre Molon (PSB) como uma opção de esquerda que poderia ser o melhor candidato. Nesse sentido, a estratégia seria ter outro candidato de centro que faça aliança com Molon, mas sem isolar o bolsonarismo. Através dessa estratégia, Quaquá acredita ser possível derrotar até mesmo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). 

    "Nós podemos derrotar Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro. Precisa ter uma estratégia política decente, adequada e ampla. É o que nós temos que fazer no Brasil inteiro", defendeu. 

    Esquerda não deve cair em "armadilha" do bolsonarismo 

    Quaquá também falou sobre as articulações do bolsonarismo nos Estados Unidos, através do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para intimidar o campo progressista no Brasil. O prefeito analisou as ações do governo Lula diante desse cenário, mas defendeu que a pauta da esquerda não deve ser esse debate, que para ele é uma "armadilha", mas um "projeto de melhoria da vida do povo". 

    "Acho que o povo está cansado deste Fla x Flu, que na minha opinião já virou Bangu x Madureira, então nós não devemos cair na armadilha do bolsonarismo. O bolsonarismo já foi inclusive descartado pela burguesia brasileira", afirmou Quaquá. 

    Ele analisou que, embora o bolsonarismo seja uma força política importante pois dialoga com uma população do Brasil que ainda está, culturalmente e economicamente, no século XIX, a elite brasileira usou Bolsonaro e agora não o quer mais. 

    "O Bolsonaro fala com essa população, ele tem uma relação direta porque ele também é uma pessoa do século XIX. O capitão do mato, que é uma uma figura da história do país, que cuida com foice, com facão e com tiro dos interesses do engenho colonial. Então, o Bolsonaro era essa figura do Brasil, ele fala com um pedaço do Brasil, mas na minha opinião, nem as elites brasileiras querem mais dele. Usaram ele durante um período e não querem mais ele", avaliou Quaquá. 

    Ele acrescentou que, agora, a alternativa da elite brasileira deve ser o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas que, na opinião do prefeito de Maricá, não tem condições de fazer uma disputa nacional. "Portanto, eu acho que essa é uma eleição do Lula", destacou. 

    Nesse sentido, Quaquá afirmou que a eleição de 2026 vai "cair no colo do presidente Lula" devido à sua figura e importância, uma vez que Lula é "o único que consegue dialogar com esse Brasil do século XIX e, ao mesmo tempo, está no século XXI". 

    "Está negociando inteligência artificial com os chineses, mas, ao mesmo tempo, dialoga com o povo. É por isso que o Lula é essa grande figura política da história do Brasil, porque ele consegue juntar os dois Brasis", disse Quaquá. 

    "Então, eu acho que essa é uma eleição do Lula e nós devemos fugir da pauta do bolsonarismo. Quem quer o Bangu e Madureira, quem quer a polarização Bangu e Madureira é o bolsonarismo. Nós devemos discutir que o Brasil está crescendo, que o Brasil está gerando emprego", defendeu o prefeito. 

    Por fim, ele afirmou que o campo progressista não deve deixar que "a subserviência do capitão do mato à colônia e ao império" prevaleça, nem permitir que a Justiça e os instrumentos de Estado deixem que os interesses americanos dominem no Brasil. 

    Apoio à candidatura de Edinho Silva 

    Quaquá também comentou sobre a sua desistência à presidência nacional do PT para apoiar Edinho Silva a pedido do presidente Lula. Ele ressaltou que o PT é democrático e que ele deve tudo ao partido, que é filiado desde seus 14 anos. "Eu nasci em favela, vim morar em Maricá, também em favela, e o PT me deu todas as réguas e como da vida. O PT me deu tudo o que eu tenho na vida, inclusive a perspectiva política de transformação social", contou Quaquá. Diante disso, ele afirmou que "deve muito" ao PT, mas não deve nada a nenhum dirigente. 

    Ele disse que tomou sua decisão devido a um respeito imenso que tem pelo presidente Lula, que acredita que Edinho Silva é o melhor candidato para comandar o processo do partido daqui para frente, inclusive a reeleição. "Então, eu atendi os pedidos e resolvi apoiar o Edinho, mesmo com todas as questões que eu coloquei na pré-campanha", disse. 

    "Enfim, é simples, Lula pediu e eu acatei", finalizou Quaquá. 

    Confira a entrevista completa do prefeito Washington Quaquá ao Fórum Onze e Meia

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