• REFORMA MINISTERIAL

    Boulos pode ser ministro de Lula, mas sob uma condição

    Deputado do PSOL foi sondado pelo presidente para assumir pasta no Palácio do Planalto

    Guilherme Boulos e Lula.Créditos: Leandro Paiva/@leandropaivac
    Escrito en POLÍTICA el

    O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi sondado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República, ministério com assento no Palácio do Planalto e responsável pela articulação do governo com os movimentos sociais.

    Mas há uma condição para que o convite avance: Boulos teria que abrir mão da disputa pela reeleição à Câmara dos Deputados em 2026.

    Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a conversa entre Lula e Boulos ocorreu em abril, no Palácio da Alvorada. O presidente quis saber se o deputado estaria disposto a permanecer no cargo até o fim do mandato presidencial, o que só seria viável caso ele desistisse de concorrer novamente ao Legislativo.

    Calendário eleitoral trava nomeações políticas

    A exigência feita a Boulos tem relação direta com o calendário eleitoral. Pela legislação brasileira, ministros que pretendem disputar as eleições de 2026 precisam deixar os cargos até abril do ano que vem.

    Isso significa que, caso Boulos aceitasse o ministério e mantivesse a intenção de se reeleger deputado federal, ele teria menos de um ano de atuação à frente da pasta — o que, na avaliação do governo, comprometeria a eficácia e a continuidade da articulação com os movimentos sociais.

    Diante desse cenário, o presidente Lula tem evitado nomear para o primeiro escalão políticos que estejam de olho nas próximas eleições. A prioridade no momento é garantir estabilidade e presença duradoura em ministérios-chave, especialmente os que lidam com as bases populares e a agenda política do Planalto.

    Substituição de Márcio Macêdo em debate

    Caso Boulos aceite as condições, ele substituiria Márcio Macêdo (PT), atual titular da Secretaria-Geral. O ministro é alvo de críticas desde o ano ado, sobretudo após o esvaziado ato do Dia do Trabalhador de 2024, que contou com a presença do presidente.

    No Palácio do Planalto, cresce a avaliação de que o governo precisa fortalecer a interlocução com os movimentos sociais, de olho tanto na defesa do governo nas ruas quanto na construção do ambiente eleitoral de 2026.

    Líder histórico do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos é considerado um nome combativo e com forte enraizamento popular. Além disso, tem relação direta com Lula, que foi responsável por articular o apoio do PT à sua candidatura à prefeitura de São Paulo em 2020.

    PSOL avalia impactos e filiação ao PT volta ao radar

    A eventual entrada de Boulos no governo federal exigiria um rearranjo político interno. O PSOL já comanda o Ministério dos Povos Indígenas com Sônia Guajajara e setores do partido defendem maior autonomia em relação ao governo Lula.

    A possibilidade de filiação de Boulos ao PT voltou a circular nos bastidores como forma de facilitar sua entrada no ministério e consolidar o alinhamento com o Planalto.

    Com mais de 1 milhão de votos em 2022, Boulos foi o deputado federal mais votado de São Paulo. Sua candidatura à reeleição é considerada estratégica pelo PSOL puxar votos. 

    A desistência da disputa em nome de um ministério pode ter impacto direto na representatividade do partido em 2026.

    Reforma segue em aberto

    O nome de Boulos já havia sido ventilado para a Secretaria-Geral em março, durante especulações sobre a reforma ministerial em curso. Na época, com a movimentação de nomes como Alexandre Padilha, que foi para a Saúde, e Gleisi Hoffmann, que foi para as Relações Institucionais, Lula reforçou a necessidade de ministros com maior capacidade de enfrentamento político — perfil no qual o deputado do PSOL se encaixa.

    Apesar da conversa no Alvorada, aliados afirmam que não houve novos contatos entre Lula e Boulos desde então. A decisão final sobre a reforma ministerial ainda está em aberto.

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