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    Meio bilhão de jovens estarão obesos até 2030, afirma a revista The Lancet

    Sobrepeso e a obesidade aumentaram até oito vezes em alguns países; crescem também problemas de saúde mental entre adolescentes em todo o mundo

    Obesidade.Créditos: Agência Brasil/Arquivo
    Escrito en SAÚDE el

    Enquanto o mundo segue obcecado por crescimento econômico e disputas geopolíticas, a saúde da juventude caminha para um colapso silencioso — e aparentemente ignorado. Um novo relatório da revista The Lancet lança uma bomba que deveria abalar as estruturas de governos e organizações: até 2030, meio bilhão de jovens estarão obesos ou com sobrepeso, e mais de 1 bilhão viverão sob risco de problemas de saúde completamente evitáveis.

    Mas os números, embora gritantes, não são o mais chocante. O que realmente assusta é a apatia institucional diante do caos anunciado. Segundo os dados, a saúde e o bem-estar dos adolescentes representam irrisórios 2,4% da ajuda global, apesar de jovens representarem um quarto da população do planeta.

    O mundo falha com seus jovens

    Transtornos mentais em alta, aumento explosivo da obesidade em regiões pobres, gravidez precoce, má nutrição, depressão, lesões e doenças evitáveis como HIV/AIDS seguem fazendo parte do cotidiano de milhões de adolescentes. Tudo isso em pleno século 21, com tecnologia de ponta e promessas de avanços sociais que, na prática, não chegam a quem mais precisa.

    “O sobrepeso e a obesidade aumentaram até oito vezes em países da África e Ásia nas últimas três décadas”, alerta Sarah Baird, presidente da comissão responsável pelo estudo. Esse dado, por si só, desmascara o mito do progresso uniforme. O que vemos é um avanço desigual, onde a juventude pobre é a primeira a pagar o preço da negligência global.

    O peso invisível da crise climática

    Como se não bastasse a crise sanitária, os adolescentes de hoje também serão os primeiros a viver toda a vida sob um clima em colapso. A previsão da Lancet aponta que, até o final do século, quase 2 bilhões de jovens viverão num planeta com temperatura média 2,8°C acima dos níveis pré-industriais. Isso significa mais doenças ligadas ao calor, colapsos alimentares, eventos extremos e impactos psicológicos incalculáveis.

    Mas não há plano global robusto. Há discursos, cúpulas, relatórios — e pouca ação real.

    Um mundo que promete o futuro, mas abandona o presente

    O relatório escancara o óbvio: sem ação política imediata, estaremos falhando com toda uma geração. Falta vontade, falta visão, falta humanidade. Os investimentos não acompanham a urgência do problema. Pior: muitos países seguem reduzindo verbas para educação, saúde mental e políticas públicas voltadas à juventude.

    As consequências disso não serão apenas médicas — serão morais e civilizatórias. O abandono da juventude é o abandono do próprio futuro.

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