Operação Verão: Jovem morto por PM de Tarcísio foi baleado nas costas e na nuca
A informação é do laudo da Polícia Técnico-Científica; ação policial foi responsável pelas mortes de 56 pessoas na Baixada Santista, entre 2023 e 2024
Laudo da Polícia Técnico-Científica concluiu que o jovem Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos, um dos mortos pela Operação Verão, entre 2023 e 2024, na Baixada Santista, levou cinco dos sete tiros pelas costas. A ação foi deflagrada pela Polícia Militar, sob responsabilidade do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos),
Gregory foi vítima na mesma ação policial que causou a morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, em Santos, no litoral paulista.
No documento, obtido por A Tribuna, consta que as superfícies de entrada das balas foram registradas pelas costas do jovem. Um dos tiros, que acertou a nuca, provocou lesões compatíveis com morte imediata, ainda conforme conclusão do perito.
Outro jovem, este de 15 anos, também foi baleado na ocorrência. Ele revelou que a dupla estava desarmada em uma moto quando foi abordada pela PM.
A Defensoria Pública, que representa a família de Gregory, pediu complemento da perícia, pois, “com base no que foi apresentado até agora, não é possível qualquer afirmação sobre troca de tiros no local”, conforme alegado pelos policiais.
A instituição acrescentou que o corpo de Gregory foi removido do lugar de forma inadequada, pois “há fortes indícios de que morreu no local em que foi alvejado”.
Além disso, a Defensoria ressaltou que Gregory não tinha qualquer antecedente de ato infracional. Segundo sua família, o jovem nunca se envolveu com tráfico de drogas.
Operação Verão: 56 mortos e 1.025 presos
No início de abril de 2024, o governo do estado de São Paulo decidiu encerrar a Operação Verão realizada nas cidades da Baixada Santista desde dezembro de 2023. A ação deixou 56 civis mortos e prendeu 1.025 pessoas, em supostos confrontos com os agentes de segurança. Dois policiais também foram mortos por criminosos.
Ouvidor da Polícia do estado de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva avaliou de forma negativa a operação. Ele destacou o número elevado de pessoas mortas pelos agentes de segurança.
“O balanço que a ouvidoria faz da Operação Verão é um balanço bastante negativo, dada a quantidade de pessoas impactadas pela operação de forma negativa. Os números oficiais dão conta de 56 mortes”, disse Silva
“Nessas mortes a gente tem pessoas deficientes, pessoas que faziam uso de muleta, pessoas cegas, uma mãe de família com seis filhos. A gente não acredita na segurança pública que mata, e não acredita na segurança pública que encarcera em massa. A gente acredita na segurança pública que inibe a ação do oportunista que vai atuar em conflito com a lei”, ressaltou o ouvidor, em entrevista à Agência Brasil, à época.
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