Cultura

Exposição em Santos resgata novos olhares sobre Mário de Andrade

“As Multifaces de Mário de Andrade: Uma Viagem Visual” disponibiliza ao público obras de 14 artistas do Coletivo Teia

Escrito en SP el
Jornalista e redator da Revista Fórum.
Exposição em Santos resgata novos olhares sobre Mário de Andrade
Mário de Andraade. Wikimedia Commons

Santos vai receber a exposição “As Multifaces de Mário de Andrade: Uma Viagem Visual”. Estarão à disposição do público obras de 14 artistas do Coletivo Teia, com curadoria da artista Lia do Rio.

O objetivo da iniciativa é resgatar novos olhares sobre o poeta, contista, etnomusicólogo, historiador de arte, crítico, fotógrafo, e personagem fundamental no desenvolvimento da filosofia modernista.

A mostra sobre um dos intelectuais mais importantes do Brasil será inaugurada no dia 14 de março, às 19 horas, na Galeria Braz Cubas, em Santos.

“Conhecemos muito pouco sobre Mário e sobre tudo o que ele fez. Decidimos explorar esses vários e ricos aspectos de sua trajetória para que o público tenha um contato mais profundo com ele, como uma redescoberta através da arte”, destacou Lia do Rio.

O Coletivo Teia foi idealizado e criado pela artista visual Regina Helene, em seu centro cultural em São Roque, interior de São Paulo, em 2021. O objetivo do grupo é descentralizar a cultura dos grandes centros urbanos para cidades menores do estado de São Paulo. O nome do coletivo remete à teia da vida, na qual, “assim como na física quântica, uma rede conecta as pessoas, a natureza e o mundo, com cada artista mantendo sua identidade, mas, ao se unirem, formando uma nova forma de expressão”.

Participam da exposição 14 artistas, sendo sete do Rio de Janeiro e sete de São Paulo: Adriana Montenegro, Ana Maria Reis, Anita Fiszon, Bella Zubbelis, Cheli Urban, Denise Campinho, Guilherme Oliveira, Miro PS, Paulo Mazzaro, Regina Helene, Rosi Baetas, Rosiane Mazzaro, Sandra Fioretti e Vicência Gonsales.

Luiz Guilherme

“Mário ainda é pouco conhecido diante de tudo o que fez. Ao unir pensamentos e ideias às imagens do cotidiano, captadas por um olhar atento às suas origens, Mário revelou as ambiguidades das múltiplas tradições do Brasil. Ele nos trouxe uma crônica de nossa cultura material, musical, das variações linguísticas e da culinária, e, sobretudo, das relações individuais e coletivas dos habitantes das regiões que percorreu, o que impulsionou seu colecionismo”, ressaltou a curadora da mostra.

Na avaliação de Lia, Mário de Andrade viveu no próprio momento da conquista da nossa nacionalidade. “O esforço de Mário em registrar esse momento é o resultado de sua visão crítica sobre aspectos pouco conhecidos da realidade brasileira, os quais formam a essência e memória histórica do país e ainda não foram devidamente explorados”.

Regina Helene, coordenadora do Coletivo Teia, explicou: “Decidimos não falar sobre a Semana de 22 e Macunaíma, temas já amplamente tratados. Preferimos nos aprofundar em outros aspectos da vida de Mário, que sempre nos encantou pela profundidade de suas ideias e pesquisas sobre a brasilidade. Pedimos aos artistas que escolhessem os elementos que mais os interessavam nessa descoberta de Mário”, disse.

Além disso, o Coletivo Teia busca destacar o trabalho de artistas com mais de 60 anos, especialmente mulheres que muitas vezes enfrentam dificuldades para serem levadas a sério no universo da arte. “Nosso objetivo é desafiar a visão preconceituosa de que mulheres mais velhas não têm energia ou criatividade. O preconceito de idade na arte é real, mas estamos aqui para combatê-lo”, completou Regina.

Elly Rozo Ferrari

Com mais de 40 anos de experiência em serviços educativos em museus, Elly Rozo Ferrari, responsável pelo setor de Educação do Instituto de Estudos Brasileiros da USP (IEB), se envolveu com o acompanhamento online do grupo.

“Nas conversas com os artistas, busquei apresentar Mário de Andrade e seu universo de forma leve e descontraída, contextualizando sua obra dentro da história de São Paulo e do Brasil. Mário foi um homem à frente de seu tempo, com um projeto de vida focado em registrar a riqueza e diversidade do Brasil. A Semana de Arte Moderna foi um projeto político e cultural único, que ainda hoje ressoa em nosso país”, afirmou.

Serviço

Exposição: “As Multifaces de Mário de Andrade: Uma Viagem Visual”;
Abertura: 14/3, das 19 às 22 horas;
Período: Até 4 de abril;
Curadora: Lia do Rio;
Assessores Culturais: Elly Rozo e Vera Lúcia Dias;
Visitação: De segunda a sexta-feira, das 13 às 18 horas, a partir de 17/3;
Local: Galeria Braz Cubas, Centro Cultural Patrícia Galvão – Avenida Pinheiro Machado, 48, 2º Piso, Santos.

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