No começo de maio, o Prêmio Pulitzer, concedido anualmente pela Universidade de Columbia, em Nova York, nas categorias de jornalismo, literatura e música, anunciou os vencedores de sua edição de 2025.
O vencedor na categoria de "Melhor Ficção" foi Percival Everett, escritor norte-americano e professor de Inglês na Universidade do Sul da Califórnia, com seu romance "James", descrito pelo New York Times como "uma homenagem subversiva" a Huckleberry Finn (As Aventuras de Huckleberry Finn, em português), um clássico da literatura norte-americana, publicado por Mark Twain em 1884.
Te podría interesar
Créditos: Amazon/ reprodução
O original de Twain conta a história do personagem Huckleberry Finn, que forja sua própria morte para fugir de um pai abusivo e se refugia em uma ilha próxima, onde encontra Jim, um fugitivo do regime escravagista dos EUA da época. Juntos, Huck e Jim descem o rio Mississipi, o segundo maior dos Estados Unidos, numa jangada, e embarcam numa aventura com perigos que envolvem, entre outras coisas, fugir de caçadores de escravizados.
As aventuras dos garotos desafiam as noções de sua época, os valores hipócritas da sociedade escravagista do sul dos EUA e a lógica do regime escravocrata. Foi um dos primeiros romances americanos a protagonizar um homem negro como personagem central e a questionar o contraste entre "civilização" e "justiça".
Te podría interesar
Na versão subversiva que venceu o Pulitzer, Everett dá voz a Jim (chamado, no romance, de James), recontextualizando a história sob seu olhar dos acontecimentos e oferecendo uma nova visão sobre o racismo estrutural e a representação estereotipada de personagens negros na ficção e na sociedade norte-americana.
A obra, publicada em 2024, também foi premiada com o National Book Award, um dos mais importantes prêmios literários dos EUA, junto ao Pulitzer, na categoria de ficção.
"Em James, Everett dá ao seu personagem [o Jim de Twain] uma rica vida intelectual, profunda curiosidade e um cansaço do mundo que advém da tentativa de sobreviver no Sul [dos EUA]", descreve uma análise do New York Times.
"Há episódios de brutalidade deprimente, sátira absurda e até tratados filosóficos, mas James é lido com a leveza de uma história de aventura".
