O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), prestou depoimento à Polícia Federal na tarde desta segunda-feira (2) no âmbito do inquérito que apura se o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estaria atuando, nos Estados Unidos, contra autoridades brasileiras.
Autor da queixa-crime enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR) que deu origem à investigação, o parlamentar petista aponta que o objetivo do depoimento foi tentar mostrar um nexo causal entre a trama golpista e a conduta do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Te podría interesar
Após depor na PF, Lindbergh afirmou que Eduardo está fazendo uma "depredação simbólica" do Supremo Tribunal Federal (STF). "Na nossa avaliação, a conduta de Eduardo Bolsonaro ainda é a mesma [da trama golpista]. Qual é a diferença do que Eduardo Bolsonaro faz, de um daqueles golpistas que depredou o Supremo? É uma depredação simbólica do Supremo. Uma articulação internacional para sancionar ministros do Supremo, procurador-geral, delegados da Polícia Federal. É isso que está sendo feito aqui", disse ele, segundo o portal G1.
'Contra os interesses nacionais'
Em entrevista à Globo News, o líder do PT refutou as comparações, feitas por bolsonaristas nas redes sociais, de que Eduardo Bolsonaro estaria fazendo o mesmo que Cristiano Zanin, à época como advogado de Lula, fez indo à Europa denunciar a parcialidade do julgamento que condenou o hoje presidente no âmbito da Lava Jato.
Te podría interesar
"Eles têm direito de viajar pelo mundo, fazer uma campanha de solidariedade. Era isso que a gente fazia. Agora, para onde é que a gente foi? Tratar com autoridade estrangeira, para que tivesse retaliação, punição contra algum ministro supremo, contra o próprio Sérgio Moro? Isso não existiu", pontuou Lindbergh.
O parlamentar destacou o ineditismo da postura dos aliados de Jair Bolsonaro, incluindo seu filho. "Na verdade, o que eles estão fazendo... Na história brasileira, nunca teve uma organização política que vestisse a bandeira de outro país contra os interesses nacionais, como esse grupo bolsonarista. Nem Plínio Salgado, integralista, lá em 1937. Eles flertavam com o fascismo, mas não faziam isso."
Como exemplo, ele citou a votação da Lei da Reciprocidade, elaborada para que o Brasil pudesse responder às ameaças de aumentos de tarifas feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. "Eles foram contra, tem declaração aqui do Bolsonaro defendendo o Trump nesse episódio (...). O Eduardo Bolsonaro, vocês podem entrar no YouTube, tem um vídeo dele dizendo que procurou autoridades norte-americanas para sugerir que os imigrantes brasileiros fossem para a prisão de El Salvador, do Bukele."
"Acho que a gente se uniu, empresários, sociedade civil, imprensa de modo geral, porque defender Alexandre Moraes disso não é entrar em uma briga entre Bolsonaro e PT, é defender as instituições, é defender o Brasil", apontou o líder petista.